Os cães também fazem luto. A conclusão é de um estudo publicado na revista “Scientific Reports” e realizado por cientistas da Universidade de Milão, em Itália. De acordo com respostas dadas por 426 tutores, que possuíam, pelo menos, dois cães – um dos quais morreu enquanto o outro ainda estava vivo –, o animal sobrevivente mudou, tanto no que diz respeito a atividades como brincar, dormir e comer como em termos de emoções.
Entre os cães analisados (384 fêmeas e 42 machos), 86 por cento apresentaram, após a morte do companheiro, mudanças associadas ao luto. Destes, 67 por cento procuraram ter mais atenção por parte do dono, 57 por cento perderam a vontade de brincar e 46 por cento ficaram mais inativos. O estudo refere ainda que 35 por cento dos cães sobreviventes dormiram mais e/ou apresentaram sinais de medo excessivo, enquanto 32 por cento perderam o apetite. Há ainda a registar um aumento, em 30 por cento deles, de latidos e lamentos.
Destes 426 casos, 66 por cento enfrentaram a morte no último ano.
Este estudo, publicado a 24 de fevereiro e liderado por Federica Pirrone, sugere que estas mudanças se traduzem não só numa reação dos cães ao estado emocional dos tutores, mas são também “indicativos de stress de separação”. “Esta é uma questão de bem-estar que tem sido negligenciada, considerando o número relativamente alto de cães que vivem com, pelo menos, outro cão de companhia”, concluem os cientistas italianos, que alertam para a necessidade de “mais pesquisas” em nome do bem-estar animal.