Saúde

Carolina: a rata gigante que se reformou após 7 anos a detetar casos de tuberculose

Conseguiu detetar e diagnosticar mais de três mil casos da doença, evitando que mais de 30 mil pessoas fossem infetadas.
É uma heroína.

Carolina despediu-se em grande. Durante sete anos, a Rata-gigante-africana participou em 2.006 sessões de avaliação da tuberculose, examinando 208.235 amostras e identificando 3.126 novos casos da doença, que inicialmente tinham passado despercebidos às clínicas de saúde. Os números são da Anti-Persoonsmijnen Ontmijnende Product Ontwikkeling (APOPO), uma organização belga que treina roedores para detetar a tuberculose e também minas terrestres em antigas zonas de guerra.

“Graças ao seu apurado faro, foi, sozinha, responsável pela deteção de 45,4 por cento destes novos casos, garantindo que milhares de doentes recebiam tratamento que salvava vidas”, agradeceu a organização. “A dedicação de Carolina e a precisão de deteção de 86,3 por cento são um legado duradouro na luta contra a tuberculose”.

A rata integrava o programa HeroRATs e desde que fez a sua última missão, em novembro passado, está a aproveitar a reforma na colónia de ratos reformados da APOPO. “Os nossos roedores reformados vivem num grande recinto ao ar livre com sobra e ao lado de um amigo” lê-se no site da organização. “Recebem uma dieta saudável e brinquedos para os manter ativos.”

Os roedores treinados para este feito conseguem farejar cem amostras de expetoração (ou seja, as secreções expelidas da traqueia, brônquios e pulmões através da tosse) em 20 minutos — enquanto um ser humano demora quatro dias a processar a mesma quantidade de informação com um microscópio.

 
 
 
 
 
View this post on Instagram
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

A post shared by APOPO (@herorats)

Os 40 ratos da APOPO estão a combater a epidemia de tuberculose em regiões como a Tanzânia e a Etiópia. E têm feito um trabalho exemplar. Diferente dos habituais ratos de Nova Iorque, os Ratos-gigantes-africanos tendem a ser mais calmos e “até mais fáceis de treinar do que alguns cães”. Têm uma expectativa de vida que varia entre os oito e dez anos e, por norma, reformam-se aos seis ou sete para aproveitarem os anos dourados.

“A primeira impressão de todos é que os ratos são os nossos inimigos”, disse Tefera Agizew, médica e chefe de tuberculose da APOPO, sobre a reputação dos animais em África e noutros lugares à “National Geographic”. “Mas quando veem como o nosso trabalho funciona, apaixonam-se por eles.”

A tuberculosa é conhecida como a principal causa de morte por doença infecciosa no mundo e graças a Carolina e os seus companheiros, as taxas de deteção da doença na África Oriental aumentou em 40 por cento nas clínicas locais, onde as amostras são analisadas. Só em 2024, os HeroRATs evitaram 400 mil novos casos na Tanzânia e na Etiópia, segundo Tefera.

“Não estamos apenas a salvar vidas, mas também a mudar essas perspetivas e a aumentar a consciencialização e a apreciação por algo tão humilde como um rato”, frisou. “Os nossos ratos são nossos colegas, e nós vemo-los realmente como heróis.”

De seguida, carregue na galeria para saber mais sobre Carolina.

ÚLTIMOS ARTIGOS DA PiT