Saúde

Cientistas descobrem como é que os sapos de vidro ficam transparentes

Estes animais são os mestres da camuflagem na hora de dormir. E já se sabe como é que o fazem.
Nas folhas são quase invisíveis. Foto: Jesse Delia.

Todos os animais têm as suas defesas para se protegerem de predadores, especialmente na hora de dormir, que é quando a vigilância fica menos apertada. Nalguns, essas defesas são bem notórias – é o caso do camaleão, por exemplo, que muda de cor para se adaptar ao meio onde está e passar despercebido.

Também os sapos transparentes, mais conhecidos como sapos de vidro, conseguem fugir aos olhares dos predadores ao ficarem quase invisíveis. Só que, até agora, não se sabia como é que estes animais conseguiam realizar essa façanha. Mas já se percebeu como o fazem – e é surpreendente.

Um estudo levado a cabo por uma equipa de investigadores das universidades de Duke, Stanford e Southern California, nos Estados Unidos, e publicado a 22 de dezembro na revista “Science”, revela que os sapos de vidro recorrem a um processo de acumulação de sangue para ficarem transparentes, no que quase se pode chamar de “super poder”.

Segundo os investigadores, os sapos de vidro escondem 89 por cento das suas células sanguíneas no fígado para se tornarem transparentes na hora de dormirem, ficando assim menos vulneráveis a potenciais predadores. E mais: não ficam com coágulos no sangue, o que é deveras surpreendente.

Esta descoberta poderá contribuir para se compreender melhor o processo de coagulação do sangue em geral no ser humano – ajudando a evitar problemas como as tromboses venosas, por exemplo.

É no fígado que está a força dos sapos de vidro

Apesar de se saber que os sapos de vidro conseguem uma admirável transparência, os cientistas ainda não tinham conseguido perceber qual o mecanismo que estes animais usam para que isso aconteça. “Eles armazenam a maioria dos glóbulos vermelhos no fígado, que são removidos do plasma sanguíneo. Continua a ser fluido circulante, mas os sapos de vidro conseguem fazê-lo sem desencadearem coágulos”, explicou à “BBC News” um dos autores do estudo, Jesse Delia, que é investigador do Museu de História Natural em Nova Iorque (EUA).

Os próprios fígados são revestidos por uma camada que reflete a radiação, para que esse órgão não seja muito visível quando está repleto de glóbulos vermelhos.

Os autores do estudo explicam que o sapo de vidro “empacota” até 89 por cento das células sanguíneas, quase duplicando o tamanho do seu fígado, conseguindo assim que até 61 por cento do seu corpo fique translúcido. À noite, quando quer ficar de novo ativo, para caçar ou acasalar, devolve os glóbulos vermelhos à circulação sanguínea e o seu fígado volta a encolher.

Este tipo de sapo passa os dias a dormir sobre folhas verdes, nos Trópicos. Para escapar à atenção dos predadores, quando se “camufla” consegue ser confundido com a própria folhagem.

Percorra a galeria para ver algumas fotos do sapo de vidro, do qual existem cerca de 160 espécies diferentes – e alguns são tão transparentes que se consegue ver o coração.

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