Saúde

Comportamento social dos cães pode revelar potenciais doenças. Esteja atento

Num estudo realizado no Canadá, os investigadores constataram que um patudo doente interage menos com os outros.
Alegria quando tudo está bem.

Os cães podem dar sinais, de forma muito subtil, de que estão doentes. Pode dar-se o caso de não gemerem, nem coxearem, por exemplo, mas estarem a sofrer – e o seu comportamento social pode dizer muito sobre isso, concluiu uma investigação da faculdade canadiana Ontario Veterinary College (OVC).

A equipa, formada por investigadores internacionais e da OVC, constatou que os cães, se não estiverem a sentir-se bem, interagem menos com outros da sua espécie. É isso que diz o estudo, publicado recentemente no “Journal of the American Association for Laboratort Animal Science”, por meio do qual se observou o comportamento de 12 cadelas da raça Beagle num ambiente controlado.

As cadelas foram alimentadas com três dietas diferentes, sendo que uma delas estava contaminada com a micotoxina Fusarium, uma toxina produzida pelo mofo e que se encontra frequentemente na comida para pets à base de cereais – podendo causar uma série de doenças.

Os investigadores libertaram depois cada uma das patudas no centro da sala de uma casa, durante quatro minutos por dia, observando as suas interações com cães que conheciam de jaulas adjacentes no laboratório. Verificaram que o número total de interações, orientação e tentativa de contacto físico com outros cães foram menos frequentes por parte dos animais que tinham consumido micotoxinas.

“Ninguém conhece melhor um cão do que as pessoas que vivem com ele”, sublinha Michael Brunt, um dos autores do estudo e investigador no The Campbell Centre for the Study of Animal Welfare. “Sabem quando ele não está a ser ele próprio”, aponta, citado num comunicado da Universidade de Guelph, à qual pertence a OVC.

Decifrar melhor os cães

O dono de um cão pode não conseguir explicar os sintomas exatos que o seu patudo está a experienciar, mas consegue perceber que há mudanças no seu comportamento. Com este estudo, refere o investigador, “conseguimos identificar quais são algumas dessas mudanças, tais como não querer interagir tanto com outros cães”.

Para Brunt, esta é uma oportunidade para procurar tecnologias de precisão e desenvolver algoritmos de aprendizagem automática que possam captar essas subtis mudanças de comportamento em ambiente de laboratório. Além disso, considera ser importante fazer o mesmo tipo de experiência com outras raças de cães e em ambientes diferentes.

O Beagle é a raça preferida nas experiências científicas com cães, sendo que a própria prática do uso de cobaias em testes é bastante polémica em todo o mundo . Há várias características que o levam a estar no topo da escolha dos investigadores, como o facto de ser um cão de porte pequeno e dócil. Com efeito, um Beagle deixa, por norma, que faça tudo com ele e ainda lhe lambe o rosto.

No Beagle Freedom Project, a maior organização mundial de resgate e adoção de animais usados para experiências laboratoriais, apontam as principais razões para a escolha desta raça como cobaia: as suas boas características comportamentais, tamanho e outros traços físicos, além do temperamento dócil. “Por outras palavras”, sublinha a organização, “as características que fazem dos Beagles fantásticos animais de companhia e adoráveis membros da família são também aquelas que os tornam vítimas vulneráveis para experiências em laboratório”.

Percorra a galeria para saber mais sobre a raça Beagle.

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