Saúde

Diabetes: Este cão tem 3 anos e é ele que ‘toma conta’ de menina de 10

Migas foi treinado para ser um cão de alerta médico. Hoje, cumpre a sua missão ao lado de uma menina diabética tipo 1.
O Migas, Cão de Alerta Médico.

Nem sempre as histórias de amor começam de forma doce. Por vezes, são as situações mais ácidas que abrem espaço para que se construam. Para a família de Tânia Baptista, de Coimbra, o diagnóstico de diabetes da filha mais velha não foi fácil e significou vários ajustes. O mais inesperado veio com quatro patas e um focinho peludo. 

Quando foi diagnosticada com diabetes tipo 1, durante a pandemia de Covid-19, num momento de isolamento, foi difícil conter a frustração e a tristeza. Na noite do aniversário da filha, Tânia, que trabalha na área da saúde, ficou alerta com aquilo que percebeu serem os sintomas da doença. Após os exames médicos, as suspeitas foram confirmadas. 

Enquanto se ajustavam à nova realidade, uma conhecida da família, que partilhava a condição de diabética, apresentou-os ao projeto Pata d´Açúcar, uma associação que, desde 2006, treina cães para lidar com diabéticos. A oportunidade de ter um Cão de Alerta Médico animou a menina, que na altura tinha 8 anos. A mãe conta à PiT que a filha “andava revoltada com o diagnóstico e ficou entusiasmada com a possibilidade de ter um cão”. E assim, a família que até então não tinha animais de estimação, decidiu receber o primeiro.

Depois de contactada a associação e de submetido o formulário, foram entrevistados para que pudesse ser escolhido o cão mais adequado, e o sortudo foi Migas, que estava no canil municipal da ilha Terceira, nos Açores, de onde foi recolhido pela Pata d´Açúcar. “Pelas características técnicas e comportamentais acharam que ele era o indicado”, explica Tânia. E não podiam ter escolhido melhor – “foi o match perfeito”, acrescenta a tutora.

O caça-diabetes

Agora, Migas tem 3 anos e há quase 2 que pertence à família Baptista. A sua presença significou para a tutora mais um apoio incondicional. O cão deteta níveis perigosos de açúcar no sangue, alertando antecipadamente a tutora para as estados de hiperglicemia ou hipoglicemia da filha, mas é muito mais do que um Cão de Alerta Médico. O bem estar emocional da menina é a sua outra grande preocupação. Tânia descreve a relação da filha e do cão como “maravilhosa” e conta que quando a filha está triste por causa da doença, gosta de relembrá-la de que a “diabetes tem direito a cão”. “Ela vai a correr direita a ele, dá-lhe um abraço e passa logo”.

Para alertar os níveis demasiado altos ou baixos de açúcar no sangue, característica principal da diabetes, Migas foi ensinado pelos treinadores da Pata d´Açúcar a sentar, a arranhar com a pata e a ladrar até que a tutora perceba o aviso. Ao longo do tempo em que tem vivido com os seus humanos, passou ainda a levar a Tânia a bolsa onde esta guarda o que precisa para monitorizar os níveis de açúcar no sangue da filha mais velha. Quando estão na rua e a bolsa não está por perto, o cão ladra de uma forma particular, descrita por Tânia como “muito insistente e expressiva”, e só para depois de a tutora confirmar que está bem.

Depois de Migas, a família abriu a casa a uma gata – a Mimi. Tânia explica que tem duas filhas, e que uma vez que o cão é o melhor amigo da mais velha, decidiram que seria justo dar também à mais nova um amor patudo. Mimi foi recebida por Migas “como se fosse filha dele”, conta a tutora. “Dorme na cama dele, e quando ela quer roubar-lhe ração ele afasta-se para ela comer”. 

Tânia recorda um episódio em que Migas alertou uma estranha para o seu nível de açúcar no sangue. “Como ele é de Alerta Médico pode andar connosco em quase todo o lado”, explica. “Para onde nós vamos, o cão vai”, acrescenta. Numa praia fluvial, Migas começou a ladrar continuamente “em direção a outra senhora que estava na praia”. “Tentámos acalmá-lo mas ele não parava”, afirma a tutora, que foi então “falar com a senhora, que estava hipoglicemica”. 

De seguida, percorra a galeria para conhecer Migas, o cão de alerta médico, e o projeto Pata d’ Açúcar, do qual pode fazer-se sócio.

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