O número de animais de companhia tem vindo a crescer em todo o mundo e a grande maioria deles são hoje vistos como membros da família. No entanto, também o flagelo do abandono tem crescido — e em Portugal não é exceção. Todos os anos são abandonados ou entregues em associações ou em centros de recolha oficial milhares de animais em Portugal.
Como seres sociáveis que são, os gatos tentam integrar-se em colónias — e muitas vezes é lá que são abandonados pelos tutores. Os protetores que cuidam dessas colónias desesperam para as manter controladas e a forma de o conseguirem é travando o nascimento de mais animais. A esterilização de gatos é, pois, o meio de controlar a população de felinos errantes e de manter as colónias sem um crescimento desmedido de novos animais sem casa e a terem de sobreviver na rua.
A pensar nisto, vão ser realizados dois projetos de investigação nos Estados Unidos — financiados pela Morris Animal Foundation —, cujo foco é o de controlar a população felina além do típico programa capturar-esterilizar-devolver (CED). Este tipo de programa, muito ativo também em Portugal, consiste em recolher os gatos de rua, levá-los para esterilização e devolvê-los às suas colónias depois de terminado o recobro.
Como esterilizar sem cirurgia?
Os dois projetos de investigação serão levados a cabo na Universidade da Georgia e na Universidade Tufts, com as respetivas equipas focadas em desenvolver métodos não cirúrgicos de esterilização de gatos, de modo a controlarem a sua capacidade de reprodução.
E como é que este trabalho será feito? Os investigadores da na Universidade da Georgia vão tentar desenvolver uma vacina oral que diminua a fertilidade dos gatos machos, reduzindo os níveis das hormonas reprodutivas, ao passo que na Universidade Tufts os cientistas estarão focados na redução dos níveis hormonais das gatas através de medicação injetável.
Já existe a chamada pílula para as gatas – mas quando esses anticoncecionais são dados durante muitos anos, existe uma maior probabilidade de desenvolverem tumores mamários e ovários, bem como infeções uterinas, daí ser importante encontrar um novo recurso mais seguro para a sua saúde.
“É importante encontrar técnicas viáveis, seguras, humanas e eficientes em termos de custos para uma esterilização não cirúrgica nas colónias de gatos”, diz Kathy Tietje, vice-presidente do departamento científico da Morris Animal Foundation. “Estamos entusiasmados com estes projetos inovadores e com o impacto que terão no controlo populacional deste grupo específico de gatos”, acrescenta.
O projeto, que se estima que dure entre 12 a 24 meses, tem início marcado para 2023.
Percorra a galeria para saber mais sobre a gestão de colónias felinas e sobre como é importante esterilizar os animais que delas fazem parte.