O ser humano é, por natureza, gregário. Viver em sociedade permite que haja um recurso mútuo às capacidades e atributos de cada um, facilitando o dia a dia e até mesmo a sobrevivência. Com os cães não é diferente. Estes descendentes dos lobos, desde que foram domesticados, acostumaram-se a viver com os seres humanos – os quais, instintivamente, consideram parte da sua matilha. Mas também lhes faz bem conviverem com outros cães.
Uma equipa de investigadores do Dog Aging Project analisou as determinantes sociais associadas a uma esperança de vida mais longa – e isto junto de mais de 25.000 cães – e chegaram a uma conclusão demasiado óbvia para ser ignorada: a questão central está na matilha.
É isso mesmo. Os investigadores deste projeto – que nasceu em 2018 nos Estados Unidos e que se debruça sobre a questão da longevidade canina, estudando dezenas de milhares de cães de todos os tamanhos, raças e origens – constataram que o tempo que um cão passa com pessoas é um importante fator para uma vida saudável, mas que o facto de também estar com outros patudos é também de grande importância.
Matilha e o sentido de pertença
“O estudo revela que, mesmo para os nossos amigos de quatro patas, é importante manter fortes ligações sociais e companheiros sociais”, explica Brianah McCoy, uma das autoras do estudo e mestranda na Arizona State University (ASU). “É bom que o nosso cão tenha suporte social, tanto de outras pessoas como de outros cães. Os cães são animais sociais, tal como nós, pelo que beneficiam do facto de conviverem uns com os outros”, diz à UW Medicine Newsroom (página online de notícias e informação Faculdade de Medicina da Universidade de Washington).
Assim, os fatores de suporte social – tais como viverem com outros cães – foram associados a uma melhor saúde canina quando se analisa a idade e o peso. Já os fatores de adversidade financeira e familiar (maus-tratos, por exemplo) foram associados a uma saúde medíocre e a uma menor mobilidade.
“As desigualdades da sociedade também atingem os nossos animais de companhia”, refere por seu lado Noah Snyder-Mackler, professor na ASU que supervisionou o estudo, publicado no início deste mês na revista científica “Evolution, Medicine & Public Health” (EMPH).
Suporte social é encontrado na matilha
Embora a importância da interação social nos mamíferos não seja uma novidade, a profunda recolha de dados juntos de tantos cães permitiu ao grupo de investigadores constatar que o efeito do suporte social é cinco vezes mais forte do que os fatores financeiros.
Por isso, se tem um cão, já sabe que a interação em família é muito importante – mas não se esqueça de lhe dar a oportunidade de também conviver com os da sua espécie. Se não for em casa, por ser “filho único”, que seja nos passeios, em parques caninos ou onde sabe que pode encontrar mais patudos com os quais ele possa brincar. Além de sentir que pertence a uma matilha humana, é benéfico que tenha também o sentimento de pertença a uma matilha canina.
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