Quando Pedro Crispim adotou Francisco, há perto de nove anos, fê-lo com a consciência – e vontade – de que seria um compromisso para a vida. E assim tem sido ao longo dos anos. Já houve vários sustos de saúde pelo caminho, mas continuam juntos e grandes companheiros, com uma cumplicidade que transparece em cada fotografia que vemos. Agora, o gato do consultor de imagem e comentador televisivo está doente. É mais uma batalha a superar – e superação é um caminho que o também modelo-manequim conhece bem.

“Adotei-o há perto de 9 anos. Aliás, foi ele que me adotou, ao agarrar-se a mim no momento em que estava a conhecer possíveis gatos para adotar”, conta Pedro Crispim à PiT.  Foi uma cumplicidade imediata. “Eu vivia noutra casa e achei que um gato fazia mais sentido. Sempre tinha tido cães, mas achei que um gato ia ao encontro das minhas necessidades e rotinas e fui conhecer possíveis companheiros na SOS Animal. E foi aí que conheci o Chico, que já tinha três anos. Já era um gato maduro”, explica.

Para Pedro, procurar um companheiro que estivesse a precisar de um lar era o que lhe fazia mais sentido. “Isto tem sido muito o apanágio na minha família. Já os meus pais sempre optaram por adotar. Não acredito em extremismos, não tenho nada contra quem compra, mas desde sempre, dentro da casa, se optou pela adoção”.

“Infelizmente, vivemos numa sociedade em que a primeira camada é a mais desejada, em que os bebés, e de raça, são os mais escolhidos. E estes, como o Chico, são mais deixados de parte”, lamenta Pedro Crispim. Foi também por isso que decidiu procurar o novo companheiro de quatro patas entre aqueles que vão ficando para trás. “Havia disponibilidade da minha parte para adotar um gato com mais idade – e se tivesse algum problema de saúde, isso não seria impedimento”.

Francisco foi o escolhido. Escolheram-se mutuamente. E para aquele gato com um passado pouco feliz, tudo mudou para melhor. “Eles são muito gratos. O Chico já vinha com uma situação de maus-tratos e já tinha tido uns problemas de saúde, mas isso não me afastou”.

Os anos têm passado com conforto e amor e é habitual ver fotos de Chico e Pedro na conta de Instagram do consultor de imagem e CEO do Atelier SP | Styling Project. “Ele é muito tranquilo, muito à vontade com a câmara. Eu adoro fotos e ele está habituado e é muito fotogénico”, diz Pedro Crispim com um sorriso na voz.

Mas agora, Chico adoeceu. Tem um linfoma nos intestinos. “Eu já tinha percebido que alguma coisa não estava bem. Ele andava a saltar as rotinas, a quebrar o dia a dia a nível da alimentação, e fui mais uma vez à SOS Animal”, conta Pedro.

“Em dezembro, quando soubemos a notícia, foi muito violento. O meu feeling já me dizia que seria um linfoma”. É o coração e o olhar atento de quem cuida e conhece. “Ele já tinha tido uma vez uma infeção urinária e ficou internado uma semana e é sempre muito desconfortável. Ficamos quase órfãos, ao sair com os documentos deles nas mãos e sem eles”.

Agora, a batalha está a ser mais dura. “Tenho tido alguns sustos com ele, mas agora foi um murro no estômago. Para mim, para a minha família e para os meus amigos, porque ele faz parte da nossa dinâmica”.

Para combater rapidamente este mal, Chico iniciou a quimioterapia. “Foi-me recomendado um médico da especialidade de oncologia e começou os tratamentos”, explica. “Tem sido todos os dias uma batalha. Está sempre perto de mim, sempre ao meu colo. Mesmo doente, não se isola, procura-me muito. E eu faço questão de estar muito com ele. Desmarco jantares, o que for preciso, porque àquela hora é a hora da medicação”.

Para Pedro, Chico é isso mesmo,“um companheiro para a vida”. “Temos uma ligação muito especial e muito única e que nunca me aconteceu antes. Eu estava muito ciente das minhas responsabilidades quando trouxe um animal para a minha vida e tinha noção de que era um compromisso para a vida e que iria dar-lhe todo o conforto possível. É a isso que me agarro, é essa base que me serve de bússola”.

Desde 6 de dezembro que Pedro e Chico contam com mais um elemento em casa. Chama-se Amélia e é uma gata que também tem feito muito bem ao residente felino mais velho. “Ele anda mais apático, mas a Amélia tem-lhe dado algum ânimo. Puxa por ele e traz alguma frescura”, conta Pedro Crispim. “No início estranharam-se, mas correu tudo bem. Tem sido uma companheira maravilhosa para ele. Dormem juntos, aninham-se e fazem festas um ao outro”.

“Na primeira sessão de quimio, o Chico não ficou tão murcho, na segunda ficou mais. É um processo. Irá continuar os tratamentos, pois é algo crónico. É para a vida. E iremos vendo a regularidade desses tratamentos. Mas estou confiante em que as coisas vão correr bem”, diz.

E tem motivos para isso. “Os exames dizem que está a resistir bem à quimio e não vou desistir dele. Eles vão-nos dando sinais. Se um dia chegar esse dia, ele próprio me vai dizer”.

Percorra a galeria para ver a cumplicidade entre Pedro Crispim e o seu Francisco.