Parece impossível, mas não. Esta sexta-feira, 24 de março, 47 dias após o sismo da Turquia, que registou uma magnitude 7,8 na escala de Richter, mais um gato foi salvo pela equipa de Devnaz, um reconhecido protetor dos animais daquele país.
Gee, Berk e Cagri entraram numa casa onde lhes foi dito que havia um gato, para saberem se estaria vivo. E não lhes restaram dúvidas ao verem marcas de patinhas no pó dos escombros da casa. Procuraram, mas não o encontraram. No entanto, não desistiram. Deixaram uma armadilha e regressaram no dia seguinte. E deu resultado, pois lá estava ele, a miar, quando chegaram.
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Os donos não queriam acreditar. “A reação da família foi de loucura total, uma grande alegria”, contam os resgatadores no vídeo divulgado na conta de Instagram de Devnaz.
Os comentários de agradecimento são às centenas. “Outro resgate bem sucedido. Obrigado pela paciência e perseverança em resgatar estes pobres gatos presos nestes prédios precários. Ótimo trabalho DevTeam, obrigado a todos”, “Estas pessoas são divinas, ninguém quer entrar num prédio desses. Que as pedras não toquem nos vossos pés”, e “O prédio estava realmente em muito mau estado, só vocês se atreveriam a entrar lá de qualquer forma, @dev_naz e a sua equipa de coração bondoso”, são alguns dos elogios deixados.
Os pedidos de socorro não param. É uma corrida contra o tempo: “Por favor, ajudem. O nosso gato está no prédio; não podemos apanhá-lo e o prédio será demolido esta semana. Outros gatos estão a entrar e a sair do prédio. O nosso gato vai morrer, ajude”, escreve um seguidor, deixando a morada completa do seu apartamento num quarto andar em Antáquia, a capital da província turca de Hatay, que foi duramente atingida pelo sismo. Outras pessoas já estão também a chamar a atenção de Devnaz para este apelo e espera-se agora que possa haver mais um resgate bem sucedido.
Qual a capacidade de resistência dos animais?
Foi na madrugada de 6 de fevereiro que um violento sismo – seguido depois de fortes réplicas durante vários dias – atingiu algumas regiões da Turquia e da Síria, deixando um rasto de destruição por entre os escombros. Muitas vidas se perderam – humanas e animais. Mas se a janela temporal possível para resgatar mais pessoas com vida já se fechou há muito tempo, o mesmo não sucede com os animais, especialmente os gatos. Os que conseguiram, de alguma forma, ter acesso a alimentos, até por deslocação da comida com a força dos abalos, ainda sobrevivem nos edifícios colapsados.
Quanto à falta de água, a superação depende muito de vários fatores, diz à PiT o médico veterinário Mário Ferreira. “Os animais aguentam mais tempo com temperaturas mais frias, como foi o caso quando se deu este sismo. Não há tanta desidratação. A necessidade de água não é tão grande, porque a própria perda de água não é tão grande”, explica. “E depois depende também da humidade. Há animais e pessoas que lambem a humidade e isso ajuda”.
Percorra a galeria para conhecer melhor o protetor Devnaz e alguns animais que já ajudou a resgatar dos escombros desde 6 de fevereiro.