Saúde

IRA resgata sete cães abandonados em antiga quinta de toureiro em Vendas Novas

A família tauromáquica Prates terá deixado estes animais ao abandono. Dezenas de outros, também em mau estado, foram levados.
Estavam em condições desumanas.

Dezenas de cães terão sido abandonados na Quinta Prates, em Vendas Novas, no distrito de Évora, quando o antigo proprietário a vendeu. A acusação foi feita nesta quarta-feira, 19 de julho, pelo grupo Intervenção e Resgate Animal (IRA), que resgatou do local sete cães em estado miserável.

Na Quinta Prates – que foi propriedade do cavaleiro tauromáquico António Prates, atualmente com 25 anos, e do seu pai, o ex-cavaleiro José Prates –, os elementos do IRA dizem ter encontrado sete cães “à fome e sede, porque os seus donos foram-se embora e deixaram-nos à sua sorte fechados numa casa”.

Ainda não eram 16 horas quando o IRA anunciava, com um vídeo, que estava a caminho de mais uma situação de maus-tratos. Pouco depois, já pelas 17h, os elementos do grupo de defesa animal que ali se deslocaram publicaram outro vídeo, sublinhando que tinham já contado “sete animais abandonados à fome e à sede, na Quinta Prates, pertencentes ao toureiro António Prates e seu pai”. “Sê valentão e vem aqui buscar os teus animais”, desafia no vídeo o presidente do IRA, Tomás Pires.

“A quinta foi comprada por um interessado que se deparou com os animais abandonados no seu interior”, explica o IRA, frisando que esse mesmo comprador, quando visitou o espaço, “contabilizou mais de 50 animais maltratados e uma pessoa de origem asiática (Bangladesh) em condições desumanas”. Agora, com a quinta já adquirida, quando chegou à sua nova propriedade nesta quarta-feira, deparou-se com sete cães ao abandono e pediu a ajuda do IRA.

 

Cães resgatados seguiram para Lisboa

O IRA disse estar a aguardar a chegada da Guarda Nacional Republicana para atuar e já perto das 21h fez uma nova publicação, já com as fotos dos sete cães resgatados. Nesse mesmo post, o grupo sintetiza toda a situação. “O novo proprietário da Quinta Prates informou que foram transportados dezenas de animais daquele espaço, inclusive bens materiais, como portões e outros objetos irrisórios, tendo sido deixados ao abandono sete cães pelos ex-proprietários, a família tauromáquica Prates”.

Para piorar ainda mais o cenário, esse mesmo proprietário “garante que os animais transportados não estavam em boas condições, sendo isso facilmente percetível pelo estado destes”, refere o IRA.

“Os animais estão repletos de pulgas e carraças, com as orelhas literalmente comidas e em carne viva. Um deles tem o pescoço cortado por ter usado um cordel apertado durante bastante tempo. Nenhum deles está microchipado, vacinado e muito menos desparasitado”, acusa o grupo de defesa animal.

No local, acrescenta o post, “encontrámos vários bidões de metal, com correntes penduradas em árvores, que serviriam de alojamento inadequado”. E mais: “os canis estavam repletos de fezes, sem abeberamento ou alimentação”.

“A GNR de Vendas Novas esteve no local e elaborou auto de notícia pelo crime de abandono”, referiu ainda o IRA. Ao “Jornal de Notícias, uma fonte oficial da GNR de Évora não quis presta esclarecimentos sobre a ocorrência, indicando apenas que, “se houver algo relevante, será feito comunicado de imprensa”.

O IRA informou ainda que os animais estavam a a caminho de Lisboa para serem avaliados por veterinários, tendo apelado à ajuda de quem possa dar o seu contributo para as despesas veterinárias, alimentação e alojamento destes sete animais. Isto depois de, na véspera, terem resgatado dez cães abandonados num galinheiro em Albogas, uma localidade no concelho de Sintra.

Toureiro António Prates nega abandono

Não se sabe o destino das dezenas de cães que terão sido levados pela família Prates. Ao “Correio da Manhã”, o cavaleiro António Prates (que faz toureio a cavalo) disse que a quinta “foi vendida há seis meses” e negou que tenham sido abandonados animais.

Entre os sete patudos ontem resgatados pelo IRA na Quinta Prates estavam pelo menos dois galgos, fazendo lembrar o caso do cavaleiro tauromáquico João Moura – a quem, em 2020, foram apreendidos 18 galgos na sua propriedade em Monforte (Portalegre), por alegados maus-tratos (os 17 sobreviventes foram todos adotados).

Os animais de João Moura estavam num avançado estado de subnutrição e o processo culminou no início de 2022 com a acusação ao toureiro de 18 crimes de maus-tratos por parte do Ministério Público – estando o julgamento previsto para setembro próximo.

Percorra a galeria para ver algumas fotos dos sete cães resgatados da Quinta Prates, em Vendas Novas.

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