Saúde

Lagarta da folha do tabaco pode ser a melhor cobaia para estudar doenças humanas

Os intestinos desta lagarta têm uma estreita semelhança com a estrutura e fisiologia dos intestinos do ser humano.
Manduca sexta.

Desde há muito que a ciência usa animais como cobaias para compreender as doenças e experimentar novos tratamentos antes de os testar nos seres humanos. Os animais mais usados na investigação biomédica são os roedores, mas as conclusões de um novo estudo podem trazer uma reviravolta a este campo.

Segundo os cientistas do Memorial Sloan Kettering Cancer Center (MSKCC) – em Nova Iorque, nos Estados Unidos –, que testaram alternativas não mamíferas para limitarem o número de ratazanas e ratos usados como cobaias, a melhor opção é a lagarta da espécie “manduca sexta”, que se alimenta de folhas de tabaco – já que tolera elevadas doses de nicotina.

Os autores do estudo, publicado na revista científica “Nature Communications”, dizem que trocar roedores por lagartas pode ajudar a reduzir os dispendiosos custos laboratoriais e que o facto de não se ter de se esperar que os ratos cresçam permite também acelerar os testes e obter resultados mais depressa. Além de que o recurso a mamíferos como cobaias está cada vez mais sujeito a apertadas restrições de ordem ética.

Os intestinos da lagarta da folha do tabaco têm uma estreita semelhança com a estrutura e fisiologia dos intestinos do ser humano – aquilo a que os cientistas chamam de elevado grau de conservação evolutiva. Os seus intestinos, pelo facto de serem compridos, tornam-se assim um excelente modelo, por exemplo, para estudar a doença inflamatória intestinal, defendem os autores do estudo.

Lagarta pode ser usada em vários tipos de investigação

Atendendo a que 75 por cento dos genes já reconhecidos como causadores de doenças humanas têm genes afins nos insetos, esta lagarta poderá ser também usada noutros tipos de investigação pré-clínica, como o cancro, a diabetes, as doenças neurodegenerativas e as infeções, defendem os investigadores.

Já se percebeu, com este estudo, que as lagartas podem ser um potencial recurso para os investigadores, mas serão elas necessárias? Jan Grimm, coautor do estudo e radiologista, não tem quaisquer dúvidas. E o motivo prende-se com um problema muito comum na ciência: o uso excessivo de animais nos estudos. Usar mais mamíferos do que o necessário é mais caro e, além disso, avoluma o sofrimento que esses animais experienciam durante os testes.

Por outro lado, como as lagartas são seres invertebrados, os autores do estudo consideram que não serão necessários tantos protocolos como agora para se iniciar um novo teste laboratorial.

Enquanto, pelo mundo fora, prossegue um aceso debate sobre se é ou não ético usar animais como cobaias, os cientistas do MSKCC pensam estar no bom caminho para deixar de usar vertebrados nas experiências sobre doenças que afetam os humanos.

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