Saúde

Muda tudo. Novo estudo explica o que fazer para salvar o seu cão num golpe de calor

Antes de o levar ao veterinário, tem de o refrescar. E esqueça os conselhos antigos sobre como o fazer. Há novos, mais válidos.
Se apanhar sol, que haja água.

O golpe de calor é um dos incidentes mais temidos por quem tem animais na família. Se os efeitos não forem rapidamente revertidos, pode ser fatal para o patudo lá de casa. No caso dos cães, o conselho tradicional é de que devem ser refrescados com uma toalha húmida, aos poucos, para evitar uma brusca diferença de temperatura. Mas agora um estudo vem deitar essa ideia por terra e recomenda precisamente o contrário: água fria em cima – imediatamente.

O facto de os cães não terem glândulas sudoríparas em todo o corpo – responsáveis pelo suor, que, por sua vez, permite o arrefecimento – leva a que seja apenas através da respiração e das almofadas plantares que libertam o calor, mas em casos extremos isso pode não ser suficiente. Se vir que o seu patudo está com as almofadas das patas molhadas e a respiração ofegante, há que lhe baixar a temperatura corporal. O que é costume dizer-se é que isso deve ser feito de forma gradual – ou seja, nunca lhe dar um banho de água fria. No entanto, um estudo da equipa VetCompass do Royal Veterinary College (RVC), do Reino Unido, diz que não é assim.

O estudo, publicado a 15 de julho na revista científica “Veterinary Sciences” – e que teve por base os casos de golpes de calor surgidos nas clínicas veterinárias britânicas entre 2016 e 2018 – aponta dois grandes problemas: o facto de muitos tutores irem de imediato para o veterinário sem tentarem arrefecer o cão, e o facto de usarem métodos que não resultam.

golpe de calor
Se for jovem e saudável, mergulhe-o em água. Foto: RVC.

“Os métodos de arrefecimento utilizados para gerir o golpe de calor não mostraram grande alinhamento com as recomendações atuais das melhores práticas pré-hospitalares”, sublinha o estudo.

A equipa de investigadores diz que o método de arrefecimento mais frequentemente usado foi o da aplicação de toalhas embebidas em água (51,31 por cento), “apesar das fortes provas de que este método é menos eficaz do que os métodos recomendados nas diretrizes veterinárias mas recentes: imersão em água fria ou arrefecimento evaporativo do ar”.

Num golpe de calor há que saber como o esfriar

Além disso, “apenas 21,7 por cento dos cães assistidos devido a golpe de calor tinham sido arrefecidos antes de serem transportados para a clínica, destacando-se assim a necessidade de uma melhor comunicação da importante mensagem ‘primeiro arrefeça-o e depois transporte-o” (cool first, transport second)”.

O estudo baseou-se em dados de 945.543 cães que deram entrada em clínicas britânicas, 856 dos quais com sinais de golpe de calor. E as conclusões são, então, que: dos cães que foram previamente arrefecidos pelos donos, mais de metade recorreu ao método desatualizado de aplicação de toalhas húmidas (que podem ser úteis com outros animais, como coelhos, mas que não resultam tão eficazmente com cães).

“Muitos websites recomendam aos donos que esfriem os seus cães de forma gradual, com água tépida mas não fria, apesar de não haver provas substanciais que sustentem esta diretriz”, frisa o RVC.

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Se for sénior ou tiver problemas de saúde, “regue-o” e use uma ventoinha. Foto: RVC.

Em vez disso, sugere o novo estudo, os cães devem ser arrefecidos rapidamente – podendo os patudos jovens e saudáveis ser imergidos em água fria. No caso dos cães seniores ou com problemas de saúde, deve despejar-se sobre esses patudos água que esteja mais fresca do que eles e, se possível, juntamente com circulação de ar (de uma ventoinha, ar condicionado ou de alguma brisa exterior).

“A principal mensagem para o dono de um cão é: arrefeça-o rapidamente, usando toda a água que tenha disponível, desde que esteja mais fria do que o animal”, aponta uma das autoras do estudo, Emily Hall, do RVC.

Prevenir o golpe de calor

Já sabe: todo o cuidado é pouco. Crie as condições necessárias para que o seu cão não seja alvo de um golpe de calor – não o deixe fechado no carro ou noutros ambientes sem circulação de ar, tenha sempre água fresca disponível, bem como lugares à sombra. Se, ainda assim, isso acontecer, siga as novas orientações: esfrie-o rapidamente e siga de imediato para o médico veterinário.

Percorra a galeria para saber quais os principais cuidados a ter – com os cães e outros animais – nesta época de mais calor.

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