Tem um daqueles cães que consegue fazer olhares irresistíveis quando quer um petisco ou um pouco mais de ração? Se a resposta for afirmativa, então tem de parar de ceder àquelas expressões que ele faz, como se não comesse há dois dias. E isto para bem da saúde dele, porque a obesidade canina é um problema muito sério. E o mesmo acontece com os gatos e qualquer outro animal.
Para aumentar a expectativa e a qualidade de vida do seu cão ou gato, os cuidados alimentares e o exercício são fundamentais. “Todos os animais devem ter uma alimentação adequada ao estilo de vida, à idade e ao nível de atividade. Um cão indoor necessita de menos energia do que um cão de exterior, pois pode engordar mais facilmente se for exposto à mesma quantidade de comida que um cão de quinta”, explica à PiT o médico veterinário Diogo Azinheira, sócio-gerente do grupo Anicura Alma Veterinária.
“Idealmente, devemos fazer duas refeições por dia e não devemos deixar o alimento à disposição. A alimentação deve ser feita com horários rigorosos”, diz.
E atenção às guloseimas, aqueles mimos extra-refeição de que eles tanto gostam mas que podem fazer muito mal se dados em exagero. “Darmos uma bolacha Maria a um caniche de cinco quilos é o mesmo que nós comermos um croissant com chocolate. Temos de fazer a proporção com o peso do animal. Às vezes dá-se uma boa alimentação, mas também muitas coisas extra, o que os faz engordar”, aponta Diogo Azinheira.
Passeios do cão e enriquecimento ambiental do gato
Outra questão importante é a do exercício. “No caso dos cães, o ideal é haver dois períodos de 30 minutos. Nos gatos deve haver um ambiente enriquecido, com brinquedos e jogos para ele se entreter e ter atividade física”.
Se, apesar de fazer exercício e os petiscos serem comidos com moderação, o seu cão ou gato estiver com peso a mais, leve-o a uma consulta, mesmo que ele lhe pareça estar bem. Na clínica ou hospital, o médico veterinário fará a avaliação.
“Quando estamos perante um quadro de obesidade, temos de perceber se esta resulta de maus hábitos ou se é motivada por doença, como uma doença do foro hormonal — caso do hipotiroidismo, um desequilíbrio hormonal que leva ao aumento de peso e que é mais comum nos gatos”, sublinha Diogo Azinheira.
Se, pelo contrário, se verificar que não tem doença preexistente, então é porque “é sedentário ou os hábitos alimentares não são os adequados”.
“Acresce o facto de a maior parte da população canina e felina estar castrada, e isso contribui para a obesidade porque diminuem os gastos energéticos. Estar castrado não é uma inevitabilidade para a obesidade, mas o animal deve ser sujeito a um programa alimentar específico”, refere o diretor clínico do grupo Alma Veterinária, que conta com um hospital no Cacém e duas clínicas, uma em São Marcos e e outra em Ouressa – Mem Martins, sublinhando que as melhores marcas têm gamas específicas para animais esterilizados, que são menos calóricas.
Excesso de peso ou obesidade?
Há uma diferença entre excesso de peso e obesidade. “Há excesso de peso se houver um aumento de peso entre 10% a 30% em relação ao peso adequado. Se esse aumento for superior a 30%, consideramos obesidade”, explica Diogo Azinheira.
E o que pode estar em causa, num quadro de obesidade? “A obesidade aumenta muito o risco de determinadas doenças, como a diabetes, e o risco de doença cardíaca e hepática. Nos gatos, a diabetes aparece quase sempre em felinos que são ou já foram obesos”, adianta o médico veterinário.
Além disso, quando o animal entra numa idade mais sénior, há um risco acrescido de doenças articulares e doenças de coluna se ele for obeso.
Por isso, não espere nem “deixe andar”. Se acha que o seu pet está “gordinho”, leve-o ao médico, que verá se há problemas de saúde por detrás desse peso a mais ou se é preciso ajustar a alimentação e o exercício.
“A alimentação é entendida como um dos pilares da medicina preventiva”, diz o sócio-gerente da Alma Veterinária, que tem consultas de aconselhamento nutricional.
Percorra a galeria para saber mais sobre a obesidade nos cães e gatos.