Saúde

Provedoria de Lisboa quer incluir na assistência à população sénior os seus animais

No município há 112.127 animais registados, com os cães em grande maioria. Pedro Emanuel Paiva propõe incluí-los numa só saúde.
Laços de ternura.

Chegar a uma idade avançada e bem de saúde é o que todos desejamos. Mas, por vezes, o elevado custo de vida leva a que muitas pessoas de mais idade acabem por cortar nas despesas de saúde. Para que isso não aconteça, a população sénior do concelho de Lisboa conta com uma iniciativa municipal para facilitar o acesso à saúde e contribuir para a prevenção das doenças através da oferta de um conjunto de serviços de saúde gratuitos. Agora, o Provedor dos Animais propõe que se estenda esse apoio aos seus animais de companhia.

O programa existente – Lisboa 65+ – destina-se a todos os munícipes residentes e recenseados em Lisboa com 65 anos ou mais, com uma componente reforçada para os mais vulneráveis: os beneficiários do complemento solidário para idosos (CSI), que ascendem a cerca de 5.000 lisboetas.

Entre esses serviços reforçados incluem-se consultas de higiene oral, realizadas na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa, colocação de próteses dentárias, consultas de optometria e entrega de próteses oculares. Está ainda incluída a comparticipação de medicamentos, entre outros apoios sociais em articulação com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

Acontece que muitas destas pessoas também têm animais de companhia. E, por isso mesmo, o Provedor dos Animais de Lisboa, Pedro Emanuel Paiva, considera imprescindível que estes estejam incluídos na assistência que é dada aos seus donos.

“Fiz uma recomendação no sentido de serem acrescentados – no Plano de Saúde para idosos ‘Lisboa 65+’ – também os seus animais de companhia. Sabemos que para muitas destas pessoas os animais que estão consigo são a sua única companhia e em algumas situações o seu único motivo de vida”, explica Pedro Emanuel Paiva à PiT.

Mais de 110 mil animais de companhia registados em Lisboa

E de que números estamos a falar? “Tendo o município de Lisboa registado 112.127 de animais de companhia – dos quais 75.881 cães, 36.160 gatos e 86 outras espécies – no Sistema de Informações de Animais de Companhia (SIAC), muitos deles são parte integrante das famílias mais idosas no município”, sublinha a Provedoria dos Animais de Lisboa em comunicado.

“Se, por um lado, a família multiespécie é uma nova realidade afetiva que reclama a proteção do ordenamento jurídico, financeiro e social e com reconhecimento por parte do nosso ordenamento jurídico desta figura, por outro lado a presença destes animais assegura um papel crucial no combate à solidão e isolamento social, com especial enfoque na população sénior”, acrescenta o documento.

Tendo isso em mente, há que não esquecer que “para muitos idosos, os animais de companhia são a sua única razão de vida. E, numa análise mais profunda, são estes animais que acabam por combater o isolamento social que vitimiza e se agrava cada vez mais na sociedade atual”, aponta Pedro Emanuel Paiva.

Por isso mesmo, a proposta da Provedoria vai no sentido de incrementar, no Lisboa 65+, a figura do animal de companhia, como elemento da família e abrangido por este plano de saúde, prevendo acesso gratuito a consultas de vacinação antirrábica e/ou acesso a medicação, usualmente comercializada nas farmácias, com vista a mitigar o contágio de doenças zoonóticas.

Com esta inclusão dos pets da população sénior nos seus programas de assistência, responde-se assim “com uma abordagem integrada e unificadora que visa equilibrar e otimizar de forma sustentável a saúde das pessoas e dos animais, dada a importância destas relações”, acrescenta Pedro Emanuel Paiva.

Provedoria de Lisboa recomenda protocolos de parceria

“Para a construção desta medida no Lisboa 65+, a Provedoria dos Animais de Lisboa recomenda a celebração de protocolos com a Associação Nacional de Farmácias, a Faculdade de Medicina de Veterinária de Lisboa e a Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Lusófona”, refere o comunicado.

Ao ser incluída a figura do animal de companhia no Lisboa 65+, o Provedor defende que, desta forma, “o município reconhece que a saúde dos seres humanos, dos animais de companhia e do ambiente em geral está estreitamente ligada e é interdependente, através de uma só saúde”.

Em Lisboa, recorde-se, os animais em risco também já passaram a ter cuidados médico-veterinários gratuitos através do cheque veterinário.

Percorra a galeria para conhecer melhor alguns dos benefícios que um animal de companhia pode ter para um idoso.

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