Os cães de raças braquicefálicas — os chamados ‘focinho achatado’ — são a paixão de muitas pessoas. Mas essa característica que lhes dá um aspeto tão giro é também fonte de grandes problemas, a ponto de a Noruega, por exemplo, ter proibido no início deste ano a criação de Cavalier King Charles Spaniel e Bulldog Inglês.
Muitas outras raças de cães (também há de gatos, como o Persa) têm esta característica, como é o caso do Boxer, Bulldog Francês, Boston Terrier, Pequinês, Shih Tzu, Ihasa Apso, Pug, Dogue-de-Bordéus ou Shar-Pei.
Agora, um estudo do Royal Veterinary College (RVC) publicado a 18 de maio no Canine Medicine and Genetics Journal concluiu que os Pugs têm riscos de saúde acrescidos.
Segundo a investigação, os Pugs têm riscos mais elevados do que qualquer outra raça de desenvolverem problemas de saúde e já não podem ser considerados um “cão típico” numa perspetiva de saúde.
O estudo, levado a cabo no Reino Unido, constata que a saúde dos Pugs é agora substancialmente diferente e muito pior do que a dos cães de outras raças.
E porquê? Porque os Pugs têm praticamente o dobro da probabilidade de terem um ou mais problemas de saúde por ano quando comparados com outros cães.
Estas conclusões mostram que é necessária uma ação urgente para reduzir a elevada taxa de problemas de saúde com esta raça, diz o RVC.
O Pug tornou-se extremamente popular nas últimas décadas, tendo os registos desta raça quintuplicado no Reino Unido entre 2005 e 2017. “No entanto, há uma crescente preocupação face aos problemas de saúde dos Pugs devido ao focinho achatado, olhos esbugalhados, pele com pregas e tendência para a obesidade — e que, infelizmente, são características consideradas frequentemente “queridas” pelas pessoas”, sublinha o Royal Veterinary College.
O estudo, levado a cabo no âmbito do programa VetCompass do RVC, comparou a saúde dos animais a partit de amostras aleatórias de 4.308 Pugs e 21.835 não-Pugs, tendo sido recolhida informação sobre todos os problemas de saúde ao longo de um ano. No total, os Pugs foram 1,9 vezes mais propensos a ter uma ou mais doenças num só ano do que as outras raças.
Ao compilarem a lista dos 40 problemas de saúde mais comuns identificados nos Pugs e outras raças, os Pugs revelaram um maior risco de virem a ter mais de metade deles: 23 em 40 (ou seja, 57,5%).
A síndrome obstrutiva das vias aéreas superiores dos cães braquicefálicos revelou ser a doença de maior risco — o que reflete, segundo o RVC, “as normais dificuldades respiratórias sentidas pelas raças braquicefálicas”.
Entre outros problemas mais comuns dos Pugs face aos não-Pugs estão o estreitamento das narinas, ulceração ocular, infeções cutâneas, otorreia, alergias de pele, sarna demodécica, retenção dos dentes de leite e obesidade.
Perante estes resultados, o autor principal do estudo, Dan O’Neill, diz que “está na altura de nos concentrarmos na saúde do cão e não nos caprichos do dono quando estamos a escolher que tipo de cão queremos ter”. Por mais queridos e fofos que possam parecer, são essas características que também lhe fazem mal.
Percorra a galeria para conhecer melhor a raça Pug.