Saúde

Eles reconhecem palavras mas será que nós percebemos os sons? Novo estudo esclarece

A investigação foi desenvolvida junto de animais como porcos, cavalos e cabras, e envolveu 1.024 participantes de 48 países.
Decifrar as emoções dos animais foi o grande teste.

Várias espécies de animais, como o cão e o gato, são capazes de reconhecer, compreender e responder consoante o significado de certas palavras do léxico humano. Sobre isso não há dúvidas. Já o contrário talvez não seja assim tão linear.

Quando os animais reproduzem sons, será que nós, humanos, somos realmente capazes de distinguir as suas diferenças e os respetivos significados? O novo estudo da Universidade de Copenhaga, na Dinamarca, publicado no jornal científico britânico ‘Royal Society Open Science‘ no início deste mês de dezembro, diz que sim.

A investigação foi levada a cabo junto de diferentes espécies animais, entre elas porcos, cabras e cavalos. Uma das principais conclusões a que os cientistas chegaram foi a de que, independentemente da espécie, fatores como a intensidade dos sons que reproduzem são indicativos das emoções que expressam de uma forma generalizada.

Durante os testes, a equipa de investigadores registou o som dos animais selecionados, quando deliberadamente agitados. A investigação passou, também, pela verificação do reconhecimento de emoções positivas e negativas, e esse reconhecimento foi feito com base nesses dois espectros de emoções — desde receberem comida a ficarem isolados.

Participaram 1.024 voluntários, de 48 países, que tiveram acesso aos sons online. Foi-lhes apresentada uma variedade de sons, divididos em quatro pares. Em dois deles, o objetivo passava por caracterizá-los em “alto” e “baixo” em termos de intensidade emocional; nos outros dois, a avaliação deveria ser feita entre “negativa” e “positiva”.

As conclusões do estudo

Os resultados revelaram que, em relação à intensidade emocional, 54,1% dos participantes conseguiram distinguir corretamente os sons, e 55,3% discerniram com precisão a ambivalência das emoções. Os testes mostraram, ainda, que — com base na amostra dos envolvidos — as pessoas têm mais facilidade em decifrar os sons dos animais consoante a proximidade (ou a “domesticabilidade”, se quisermos) dos animais com os quais se relacionam — como foi o caso dos sons emitidos por cavalos, com taxas de acerto na ordem dos 59% e 58%, respetivamente.

Para Elodie Briefer, uma dos autores do estudo, por regra as pessoas “baseiam as suas decisões no conhecimento que têm de como os humanos soam  quando estão mais ou menos agitados”. A investigadora acrescentou, em declarações citadas pelo jornal britânico ‘The Guardian‘, que “não nos podemos basear no que sabemos sobre os humanos porque varia muito consoante as espécies — há várias diferenças na forma como as espécies expressam emoções, mesmo entre as mais próximas”.

“No passado, os cientistas costumavam focar-se nos aspetos da saúde física para avaliarem o bem-estar dos animais. Hoje em dia, a maior parte de nós reconhece o enorme papel que as emoções têm”, conclui por fim a investigadora.

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