Os animais de pequeno porte enfrentam um maior risco de sofrer um golpe de calor à medida que as temperaturas aumentam, não só nos meses mais quentes mas também em resultado das alterações climáticas. É esta a conclusão de um estudo da Nottingham Trent University e da Universidade de Liverpool, levado a cabo no Reino Unido entre 2013 e 2018, e que foi publicado no “Open Veterinary Journal” em janeiro deste ano.
As doenças relacionadas com o calor (DRC), entre as quais está o golpe de calor, podem afetar todos os animais de companhia, de qualquer tamanho, mas os mais pequenos evidenciam um maior risco — caso dos porquinhos da Índia, gatos, coelhos e furões.
O objetivo desta investigação foi, precisamente, avaliar os quadros de golpe de calor em animais pequenos nos consultórios veterinários britânicos que fazem parte da Rede de Vigilância Veterinária de Animais de Porte Pequeno naquele país.
“A ideia errada de que os golpes de calor resultam essencialmente do facto de um cão ficar fechado num carro em dias de temperatura elevada revela a falta de consciencialização para os fatores de risco do golpe de calor nos animais de companhia no Reino Unido”, aponta o estudo.
Esta conclusão “sublinha a necessidade de uma melhor consciencialização pública do risco de DRC em todos os animais, já que as alterações climáticas aumentarão a probabilidade de ocorrência de todas as formas de doença relacionadas com o calor em seres humanos e animais”.
Anne Carter, uma das autoras da investigação, refere no estudo que todos os tutores têm sido aconselhados a reavaliar as instalações dos seus animais, de modo a evitar que sofram um golpe de calor durante os meses mais quentes.
No que diz respeito aos cães, houve 146 episódios de ida às urgências devido a golpes de calor. E dos 118 casos em que houve um gatilho específico para essa situação, o exercício foi a principal causa nos animais com esse quadro (73,5%), sendo que sete casos (6,9%) entre os caninos estiveram relacionados com o facto de estarem fechados num carro. Os cães de raça braquicefálica (focinho achatado), como os bulldogs, revelaram um risco acrescido, estando entre um quinto (21,2%) dos casos reportados, constata o estudo.
As DRC ambientais desencadearam os restantes casos nos cães (19,6%) e em todos os outros animais avaliados neste estudo.
De entre os restantes animais, 16 gatos tiveram de ser assistidos por médicos veterinários devido a golpes de calor, e os gatos mais seniores — com idades acima dos 15 anos — estiveram entre o maior número de casos.
O tempo quente foi igualmente responsável pelo tratamento contra golpes de calor a seis porquinhos da Índia, três coelhos e um furão.
O maior número de idas ao veterinário devido às DRC ocorreu durante os meses de verão, mas, no caso dos cães, esse período foi mais abrangente: entre abril e outubro — tendo o pico (42,5%) sido atingido em julho, que é habitualmente o mês mais quente no Reino Unido.
O golpe de calor é uma emergência médica caracterizada pela instalação súbita de hipertermia e disfunção neurológica central, com a temperatura do animal a superar os 40º C.
O tratamento consiste em arrefecimento corporal imediato — também deve fazê-lo antes de chegar ao veterinário, molhando-o ou embrulhando-o em toalhas húmidas, mas não use água gelada — e medidas de suporte de funções vitais.
Mesmo com terapêutica agressiva, a mortalidade do golpe de calor é elevada. Mantenha-se atento a potenciais sintomas, como respiração ofegante, salivação excessiva, fraqueza muscular, descoordenação e tremores.
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