Saúde

Santos Populares: cuidado com o fogo de artifício e os animais em pânico

Muitos cães, gatos e pássaros ficam desesperados com o forte ruído dos foguetes. Podem fugir ou magoar-se seriamente.
Mantenha-o protegido.

O mês de junho traz consigo muitas festas e arraiais. O bom tempo convida a sair, estar com os amigos e, para quem gosta, frequentar os bailaricos mais movimentados. Mas, para quem tem animais, esta pode ser uma época de grande stress, já que muitos festejos são rematados com o lançamento de fogo de artifício – podendo prejudicar seriamente o cão, o gato ou o pássaro lá de casa.

Nos dias de Santo António (13), São João (24) e São Pedro (29) temos, em muitas zonas do país, espetáculos de pirotecnia – mas não apenas nestas datas, já que há festas juninas celebradas um pouco por todo o lado. Por isso, há que ter cuidados redobrados se tiver animais de companhia que sofrem com estes momentos mais ruidosos, tal como quando há trovoada.

Assim, é importante que mantenha os seus animais dentro de portas e garanta que não há possibilidade de se magoarem com algo fora do sítio. Muitos cães e gatos conseguem fugir, acabando atropelados ou nunca mais sendo encontrados, e outros, mesmo dentro de casa, podem sofrer ataques de pânico ou algum tipo de traumatismo enquanto tentam fugir. Podem também ter episódios de tremores e convulsões ou até mesmo morrer com problemas cardíacos.

“Mais de 80 por cento dos cães demonstram alguma sensibilidade ao ruído, quer seja sons mais simples, como o aspirador, uma mota ou camião do lixo, quer chegando aos extremos das trovoadas e fogo de artifício. Chega ao extremo de alguns animais manifestarem ataques de pânico que culminam em fugas e mesmo auto-traumatismos”, explica João Reis, médico do AniCura Alma Veterinária Hospital Veterinário, à PiT.

Ambiente seguro para o seu pet

O que fazer para evitar desfechos tristes? Antes de mais, se não puder ficar em casa com o seu pet, certifique-se de que o deixará num ambiente seguro. Não facilite, ele deve ficar no interior e nunca no exterior da casa. “Acima de tudo, nesses dias (trovoadas ou fogos de artifício) deve ser realizado um bom passeio à tarde com muito exercício físico. Depois permitir acesso à casa e não os deixar na rua. Isolar ao máximo o som, fechando os estores e manter um som neutro em casa, como música ou TV”, aconselha o médico veterinário.

Ao mesmo tempo, “deve oferecer um brinquedo interativo — daqueles que podem ser recheados — para eles ficarem entretidos durante a exposição ao estímulo. Para aqueles que começam a ficar mais stressados, os tutores podem tentar acalmá-los com festas”, sublinha.

Para os animais que culminam com ataques de pânico, João Reis diz que os donos devem consultar o seu veterinário ou realizar uma consulta de comportamento. “Existem planos de dessensibilização ao ruído, assim como medicação, que podem ajudá-los a ultrapassar esses momentos”.

Tutores de animais mostram descontentamento

O uso de fogo de artifício está longe de ser um tema consensual. São muitos os tutores de animais, e também quem tem filhos pequenos ou com problemas de saúde, que se queixam dos alto barulho dos foguetes. No dia 10 à noite, no encerramento da Feira Festa da Quinta do Conde, conhecida como a maior festa do concelho de Sesimbra (distrito de Setúbal), foram muitos os pets que sofreram com o espetáculo pirotécnico.

“Certo é que gostos não se discutem, mas os medos, fraquezas e fragilidades de outros deveriam respeitar-se! Talvez o dinheiro de todos os contribuintes que gastaram esta noite nestes festejos absurdos e exagerados pudesse ser usado para melhores fins”, escreveu uma administradora do grupo do Facebook “Amigos dos Animais da Quinta do Conde”.

A crítica teve de imediato muitas reações no mesmo sentido. “O primeiro estoiro deste ano foi demais, eu já estava a dormir e juro que acordei com o susto. Parecia uma bomba”, “Deve ter sido um horror, pois até aqui em Palmela se ouviu, e os cães não pararam de ladrar”, “Eu vivo em Azeitão e parecia que era no quintal ao lado… É um absurdo… Já estava a dormir e acordei em sobressalto com os meus cães a ladrarem cheios de medo” e “O meu filho e as minhas cadelas estavam cheios de medo” são alguns dos muitos comentários.

Gatos também podem ter medo do fogo de artifício

“Foi terrível. Então no final parecia que o céu ia desabar. Uma das minhas cadelas tem epilepsia e fica em pânico, apesar de todo o suporte que lhe dou. Absurdo, retrógrado tudo isto”, sublinhou um dos membros do grupo. “E ninguém fala dos gatos? O cão roncava e não era nada com ele, a gata andava às voltas com o pelo levantado. Por acaso este cão não tem medo, mas a cadela que tive antes ficava em pânico”, aponta um outro membro.

Já existem fogos de artifício sem estrondos e sem barulho que têm vindo a ser experimentados num número crescente de cidades de todo o mundo, mas, por cá, essa não é ainda uma realidade. Enquanto a pirotecnia silenciosa não chega a Portugal – se um dia chegar –, o melhor é precaver-se e proteger antecipadamente (e na hora) o seu animal. Percorra a galeria para saber mais sobre os medos que o fogo de artifício provoca.

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