Saúde

Sismo na Turquia: Afinal, quantos dias aguentam cães e gatos sem comer e beber água?

O caso mais recente foi o de um Husky Siberiano, retirado dos escombros na Turquia 22 dias após o sismo. Vivo e bem de saúde.
Há animais com grande resistência.

Faz esta segunda-feira um mês que um violento sismo de magnitude 7,8 na escala de Richter abalou parte da Turquia e da Síria, seguindo-se réplicas também bastante fortes nas horas e dias seguintes. Aliando-se aos esforços locais, equipas de resgate de todo o mundo – incluindo de Portugal – deslocaram-se às zonas afetadas para tentarem salvar pessoas e animais. E ainda agora há cães e gatos a serem retirados com vida dos escombros e de apartamentos. Como é que a ciência explica isto?

Numa situação de catástrofe – como inundações, incêndios, sismos e erupções vulcânicas –, um animal sofre um grande abalo emocional, e muitas vezes físico também. Mas quanto tempo pode aguentar, em condições normais, sem ferimentos?

Depende muito de vários fatores, diz à PiT o médico veterinário Mário Ferreira. “Os animais aguentam mais tempo com temperaturas mais frias, como é o caso deste sismo. Não há tanta desidratação. A necessidade de água não é tão grande, porque a própria perda de água não é tão grande”, explica. “E depois depende também da humidade. Há animais e pessoas que lambem a humidade e isso ajuda”.

Mas não só. “Depende também da condição corporal e da idade do animal, por exemplo. Se o animal for jovem, tem mais hipóteses. Se tiver uma boa condição corporal, também aguenta melhor. Se for gordo, pode morrer mais rapidamente devido a problemas associados de saúde, como problemas hepáticos e metabólicos”, sublinha o profissional do Centro Médico Veterinário de São Nicolau, no Cartaxo.

Cães com pelo denso mais protegidos do frio

E há outros fatores. “No caso do cão Aleks, resgatado com vida dos escombros 22 dias após o sismo, ajudou em muito o facto de os Huskies terem o pelo mais denso, pelo que não perdem temperatura tão rapidamente”.

Muitos animais estão igualmente a ser resgatados de dentro de apartamentos, onde ficaram encurralados, com as portas fechadas. Se tiverem uma boa mobilidade, isso ajuda. “Se estiverem fechados dentro de casa, podem por exemplo conseguir beber água da sanita”, aponta Mário Ferreira, que gere o projeto Refúgio Animal Angels no Cartaxo.

Segundo o médico veterinário, “ainda pode haver animais vivos nesta altura, se conseguirem arranjar fontes alimentares e de água”. Já em condições extremas – feridos, por exemplo – “é menos provável que resistam tanto tempo”, acrescenta Mário Ferreira, que já participou em missões de resgate de animais em cenários de conflito e catástrofe em países como a Síria e o Líbano.

Percorra a galeria para ver a Humane Society International, uma das organizações de resgate animal atualmente a ajudar na cidade turca de Antáquia, e alguns dos cães e gatos que recuperou com vida. As fotos são de Emrah Gurel, da AP Images, para a HSI.

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