Quando Daniela Fernandes, natural da Venezuela, decidiu mudar-se para a ilha da Madeira, optou por ficar com a casa dos seus tios, que morreram há três anos. Desde então, a propriedade estava fechada, exceto a um morador — Mickey, que vivia acorrentado, e que a nova dona e a sua família decidiram manter na casa, desta vez com mais cuidado e consideração.
A psicóloga de 29 anos explica ter-se mudado há três anos para Portugal, juntamente com o namorado, por ter nacionalidade portuguesa, uma vez que grande parte da sua família é de cá. A casa onde Mickey vive pertencia aos seus tios paternos, e “ficou de herança para todos os sobrinhos, porque eles não tinham filhos”, explica.
A nova proprietária clarifica que Mickey ficou à responsabilidade da mesma senhora que tratou dos seus tios quando adoeceram. Depois de morrerem, a pessoa afirma ter continuado a frequentar a casa para dar comida e água a Mickey, que tem oito anos. Daniela acrescenta que esta mostrou interesse em ficar com a casa, envolvendo-se no processo legal de partilha. Quando a venezuelana e o namorado negociaram a tomada do espaço, esta disse que “o cão morde”, e garantiu que “não tinha pena de o deixar ali, juntamente com a casa”.
Daniela avança não saber ao certo há quanto tempo Mickey vive acorrentado, mas especula que terá passado a ser mantido desta forma apenas após os tios adoecerem. “A família do meu pai dizia que ele era como filho deles, e que tinha uma vida de rei. Quando ficaram doentes, deve ter passado a ficar na rua”, esclarece.
A nova proprietária diz ter ficado “com pena” do cão. “Não queríamos deixá-lo ali, com o pouco tempo de vida que lhe resta”, adianta. O patudo será mantido em casa, com o pai e a avó de Daniela, que vão mudar-se oficialmente assim que possível, uma vez que esta tem já dois cães — um seu e o outro do namorado — que não seria fácil manter no mesmo local que Mickey.
Daniela explica que o patudo “ainda está com muito medo”, sobretudo do toque. No início, tremia com a presença da família no local, “mas agora está mais calminho, e já salta e dá voltas quando vê a comida”. Ainda assim, tem o hábito de rosnar, mesmo quando mostra querer miminhos. “Não sabemos se é por medo, mas imagino que com o tempo vá melhorar”, adianta a proprietária.
Quando foi encontrado pelo casal, o cão tinha o pelo com muitos nós e não deixava que lhe tocassem, mostrando agressividade, pelo que optaram por pedir ajuda à associação Ajuda a Alimentar Cães de Rua. No dia 2 de junho, o patudo foi acolhido pela equipa para ser avaliado, esterilizado, desparasitado, e para tomar banho e cortar o pelo sujo. Voltou para sua casa limpo, sem carraças, e pronto para começar de novo.
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