Mesmo nas condições mais desafiantes, a causa animal não pode parar. Esta segunda-feira, 28 de abril, após o apagão que parou o País, a equipa do IRA seguiu em frente com a intervenção a que se tinha proposto, para ajudar dezenas de animais, negligenciados e mal tratados pelos tutores, numa residência em Braga.
A organização deu a conhecer o caso através das redes sociais, à qual deu o nome de “Operação Blackout” (ou “apagão”, em português), que durou um total de 21 horas, das 5 da manhã de dia 28 às 2 horas da manhã do dia 29. O grupo começou por explicar que receberam um pedido de ajuda do Ministério Público, que teve conhecimento de cerca de 30 animais que estavam a ser mal tratados pelos seus tutores.
“Um casal possuía dezenas de cães, gatos e um bovino sem condições de higiene e bem-estar, sem alimentação nem abeberamento, nem garantindo a segurança da população e seus animais”, adianta o IRA, na primeira de três publicações em que expõem o ocorrido.
A situação foi denunciada à GNR (Guarda Nacional Republicana) por residentes, que afirmaram que os animais estavam “a morrer à fome e sem cuidados”.
Com mandados de apreensão emitidos pelo Ministério Público, o IRA deslocou-se ao local. Foi acompanhado pelas equipas da polícia local e pelo oficial da justiça responsável. Além disso, levou equipamentos de proteção, armadilhas, trelas, transportadores, entre outros objetos que permitissem a segurança de todos os membros, e dos animais.
Já na propriedade em questão, a equipa viu-se isolada, quando as comunicações ficaram comprometidas pela falta de energia elétrica. Não tinha combustível para regressar à sua base, já que os postos de abastecimento não estavam operacionais, e não podia contactar os serviços do Estado com que operam. Também os sistemas informáticos do SIAC — Sistema de Informação de Animais de Companhia, que contém os registos de todos os patudos, permitindo identificá-los — estava inoperacional.
Neste contexto, seguiram em frente com a ação. Foram instaladas cinco armadilhas com comida no quintal da casa, para atrair os animais. Capturaram 14 — um número alarmante, já que as denúncias indicavam pelo menos 25.
O IRA relata ter confrontado o tutor, que identifica como “Zé da Rega”, que afirmou que os animais teriam sido roubados. Não acreditando no que lhes era dito, a equipa permaneceu no local, procurando os restantes patudos. “Passadas umas horas encontrávamos dois cadáveres de canídeos e as suspeitas para os restantes estarem mortos aumentavam”, adiantam.
A mulher do tutor admitiu que o marido os tinha matado. Quando questionada sobre a localização dos cadáveres, afirmou não saber. “Ele é que os foi atirar não sei para onde”, terá acrescentado.
Entre os mortos, estavam duas ninhadas de bebés, que constituem agora provas de maus-tratos contra o casal.
Carregue na galeria para conhecer os animais resgatados pelo IRA, em Braga.