O dia 25 de Abril celebra a liberdade. Foi há 51 anos que se deu a “Revolução dos Cravos” e desde então que o povo sai à rua para se expressar sem medo. Com o passar dos anos, e com os animais a serem cada vez mais encarados como membros da família, começou também a ser habitual ver muitos cães a acompanharem os seus tutores nestes desfiles – e na Avenida da Liberdade, em Lisboa, não é exceção. Este ano marcaram presença vários patudos bem conhecidos dos portugueses, como Lola, Julinho, Chico e Paçoca.
Filipe Vargas não conseguiu ir à Avenida, por estar em trabalho, mas fez-se representar pela sua patuda Lola, atualmente com 10 anos – e que vai ao desfile desde que tinha alguns meses de idade. “Fui buscar a Lola quando ela tinha três meses, e antes de fazer um ano já estava comigo a descer a Avenida da Liberdade (que belo nome para se dar a uma avenida), no meio de muita, tanta gente, a festejar Abril como Abril deve ser festejado: na rua, sem cerimónias, sem protocolos, só e apenas uma festa que nos lembra uma data histórica deste nosso percurso histórico comum”, conta o ator e cineasta numa partilha no Instagram.
“O 25 de Abril exalta o melhor que temos para dar, a liberdade de expressão, a empatia, o respeito pelo próximo, a paz. Tudo valores 100% compatíveis com a religião mais praticada em Portugal mas cuja morte do seu líder espiritual foi o motivo para um inexplicável cancelamento das festividades oficiais. Mas ao contrário de Montenegro e Moedas, nós, as pessoas que fazem este país, não confundimos as festividades oficiais com a festa popular da liberdade e o povo saiu à rua como sempre. Quem não comunga destes valores universais vê a celebração de Abril como uma afronta, e lá tivemos os Habeas Corpus e os neo-nazis da praxe, com o apoio paternal do Chega, a tentar manchar a nossa data mais importante. Provocaram, agrediram e tiveram o que mereciam e foram detidos. Será que viram no cancelamento do governo um sinal que a sua hora de glória tinha chegado? É provável, mas nunca saberemos verdadeiramente o que se passa naquelas cabeças cheias de ódio e ressentimento. O importante é que se enganaram”, escreveu Filipe Vargas.
O ator, que participa atualmente na sitcom “Vai Direto”, feita num teatro, com público ao vivo e transmitida em direto na TVI, remata: “Abril aconteceu, a festa deu-se, e a celebração popular dos 51 anos do 25 de Abril foi uma valente chapada de luva branca a esta nova direita, que passou de moderada a radicalizada. Ficou o recado: não passarão. E apesar de este ano não ter descido a Avenida porque estava a trabalhar, fui dignamente representado pela minha Lola, hoje com 10 anos, que pela mão da minha querida amiga Bli, abanou livremente a sua cauda num mar de gente boa, a cantar, a confirmar o que nos une, a enfraquecer o que nos separa. Nós somos o país que hoje saiu à rua, de Norte a Sul. Nós somos Abril. O resto é só ruído”.
Caudas a abanar na descida da Avenida da Liberdade
Também Heitor Lourenço marcou presença no desfile, ao lado do seu Julinho, que o acompanha sempre que é possível. “Renovações de compromissos, manter a memória, guardar a vigilância. Presentes! Muitos!”, sublinhou o ator e comentador no programa “Passadeira Vermelha”, da SIC, numa publicação com três fotos. “O Julinho também foi à festa. Viva a Liberdade”, reagiu uma seguidora de Heitor Lourenço. “Lindíssima foto. Marcante significado. Só faz sentido ser-se 25 de abril se ele for para todos. E os nossos patudinhos são todos, todos, todos”, escreveu outra.
Quem também não faltou foi Leonor Poeiras e o seu cão Chico. “Em Liberdade, todos juntos”, escreveu a comunicadora. Leonor Poeiras é uma reconhecida amante dos animais e partilha muitas fotos do seu cão Chico, que adotou em dezembro de 2015. “Não te vi ao vivo! Mas fico feliz de te ver por aqui. 25 de Abril Sempre”, comentou o decorador Paulo Piteira, na publicação de Leonor. “Vou sempre, desta vez mais dos lados por causa do Chico”, explicou a jornalista e ex-apresentadora televisiva.
Wandson Lisboa desceu igualmente a Avenida – e o seu amigo de quatro patas Paçocas também foi, mostrando-se muito animado na confraternização com outros cães que conheceu pelo caminho e que foram surgindo nas stories partilhadas pelo criativo brasileiro.
O 25 de Abril trouxe igualmente conquistas aos animais e foram muitos os ativistas da causa animal que recordaram isso mesmo nas suas redes sociais. “No 25 de Abril conquistámos a nossa liberdade e, com ela, abrimos caminho para que também os animais passassem a ser vistos, ouvidos e respeitados Marcou o início de muitas transformações sociais em Portugal e os direitos dos animais também seguiram essa onda de progresso”, escreveu a protetora Shandra Almeida num post no Facebook onde enumerou algumas dessas conquistas.
Já Sandra Duarte Cardoso, fundadora e presidente da associação SOS Animal Portugal, recordou, por seu lado, que “a liberdade, como a vida, nunca é definitiva: precisa de ser defendida todos os dias. Antes do 25 de Abril, a fundadora da SOS Animal — como tantas mulheres — não teria podido ser médica, nem ativista, nem construir um caminho próprio sem autorização do marido ou do pai. Ser mulher significava ser invisível, calada, obediente. Foi a democracia que abriu as portas para que mulheres pudessem estudar, decidir, lutar. Foi a democracia que permitiu sonhar um mundo mais justo para todos os seres — humanos, animais, natureza. Hoje, essa mesma democracia está ameaçada. Por interesses que querem calar mulheres, esmagar minorias, destruir o planeta, sacrificar os animais em nome do lucro dos mais ricos”.
“Hoje, ser livre é ir para a rua. É levantar a voz. É proteger quem não tem como se defender. É ser por todos os seres”, sublinhou Sandra Duarte Cardoso numa publicação no Instagram, onde surge um carrossel de vídeos emoldurado com a ativista e alguns dos cães de que cuida no santuário da associação.
Percorra a galeria e veja algumas das fotos destas partilhas tão especiais.
